A década de 1960 foi um período de transformação cultural, marcado pela efervescência de novas ideias, movimentos políticos, musicais e, claro, cinematográficos. O cinema e moda nos anos 60 não apenas refletiram as mudanças sociais da época, mas também desempenharam um papel crucial na definição do life style e no estabelecimento de tendências que ecoam até hoje. Atrizes icônicas, designers visionários e diretores inovadores usaram o cinema como uma plataforma para explorar e reinventar o estilo, fazendo com que a tela grande se tornasse um espelho da cultura e um palco para a moda.
O contexto cultural do cinema e moda nos anos 60
Os anos 60 foram marcados por movimentos de contracultura, o avanço do feminismo, a luta pelos direitos civis e a Guerra Fria, todos refletidos no cinema. Os filmes dessa década abraçaram temas mais ousados e questionadores, frequentemente desafiando normas sociais e estéticas. Nesse cenário, a moda desempenhou um papel importante, ajudando a construir personagens icônicos e a transmitir mensagens visuais poderosas. Figuras femininas tornaram-se mais independentes e expressivas, e suas roupas frequentemente refletiam essa emancipação.
O cinema europeu, especialmente o francês e o italiano, teve um impacto profundo na moda. A Nouvelle Vague na França, com diretores como Jean-Luc Godard e François Truffaut, trouxe não apenas uma abordagem cinematográfica inovadora, mas também apresentou uma estética visual única. Atrizes como Anna Karina e Brigitte Bardot personificaram o estilo francês com suas roupas simples, mas elegantes, que combinavam vestidos retos, listras e acessórios minimalistas. Do outro lado da Europa, o cinema italiano, liderado por diretores como Federico Fellini e Michelangelo Antonioni, apresentava mulheres glamourosas vestidas com criações de designers como Valentino e Gucci, refletindo o luxo e o drama da época.
Ícones que definiram o cinema e moda nos anos 60
Anne Bancroft

Anne Bancroft trouxe um novo nível de sofisticação e complexidade à moda do cinema nos anos 60, especialmente com seu papel icônico em A Primeira Noite de um Homem – The Graduate (1967). Como Mrs. Robinson, Bancroft usava trajes elegantes e sensuais que equilibravam charme e autoridade, definindo uma nova estética para personagens femininas maduras. Seus vestidos ajustados, casacos de pele e sapatos de salto baixo destacavam uma feminilidade poderosa e influenciaram mulheres que buscavam sofisticação e independência no vestuário.

Catherine Deneuve

Catherine Deneuve se tornou um ícone do cinema e da moda francesa durante os anos 60. Em filmes como A Bela da Tarde – Belle de Jour (1967), seu estilo elegante e intemporal, frequentemente marcado por peças de alta-costura criadas por Yves Saint Laurent, consolidou sua imagem como um dos maiores ícones fashion da década. Deneuve popularizou vestidos retos, casacos bem estruturados e sapatos de bico arredondado, que personificavam a sofisticação parisiense. Seu visual era ao mesmo tempo clássico e ousado, refletindo a dualidade do cinema francês da época.

Mia Farrow

Mia Farrow foi uma das estrelas que simbolizou a juventude e a inovação dos anos 60. Com seu papel em O Bebê de Rosemary – Rosemary’s Baby (1968), Farrow lançou tendências que iam desde o corte de cabelo pixie até vestidos de silhueta simples e minimalista. Seu estilo personificava a modernidade e a ruptura com os padrões tradicionais de beleza, promovendo uma imagem que era ao mesmo tempo delicada e assertiva. Farrow representava uma nova era de moda mais prática e casual, mas ainda altamente estilizada.
Audrey Hepburn

Audrey Hepburn foi, sem dúvida, uma das figuras mais influentes do cinema e da moda nos anos 60. Em filmes como Bonequinha de Luxo – Breakfast at Tiffany’s (1961), seu vestido preto desenhado por Hubert de Givenchy tornou-se um ícone atemporal, popularizando o conceito do “pretinho básico” e redefinindo a elegância minimalista. Hepburn também popularizou peças como calças cigarrete, sapatilhas e blusas de gola alta, que passaram a simbolizar sofisticação moderna e acessível. Seu estilo, tanto na tela quanto fora dela, inspirou gerações de mulheres a adotarem uma abordagem mais simples, mas altamente refinada, ao se vestir.

Brigitte Bardot

Brigitte Bardot trouxe uma sensualidade descontraída para o cinema e a moda dos anos 60. Conhecida por seu visual despreocupado, ela popularizou itens como vestidos de cintura marcada, blusas de decote ombro a ombro e calças capri. Bardot também ajudou a consolidar o estilo french chic, misturando o despojado com o sofisticado. Sua aparência natural, com maquiagem leve e cabelo volumoso, tornou-se referência para mulheres que buscavam uma beleza mais espontânea e menos rígida.
Elizabeth Taylor

Elizabeth Taylor, por sua vez, representou o glamour excessivo e extravagante dos anos 60. Em Cleópatra (1963), seus figurinos elaborados e joias luxuosas, criados por Irene Sharaff, foram um marco na história do cinema e da moda. O filme não apenas influenciou o design de roupas da época, mas também ajudou a popularizar a maquiagem dramática, com olhos delineados e sombras coloridas, inspirados na estética egípcia.
Anita Ekberg
Anita Ekberg, eternizada na icônica cena da Fontana di Trevi no filme La Dolce Vita (1960), tornou-se um símbolo de glamour e sofisticação. Seus vestidos volumosos e sensuais capturavam a essência do cinema italiano da época, enquanto sua presença magnética inspirava estilistas e diretores. Ekberg personificava a junção entre luxo e a despreocupação do estilo mediterrâneo, tornando-se uma referência para o conceito de beleza voluptuosa e extravagante dos anos 60.
Jane Fonda
Jane Fonda brilhou como uma das estrelas mais memoráveis do cinema e moda nos anos 60, especialmente em Barbarella (1968). Nesse filme futurista, Fonda vestiu figurinos ousados e inovadores criados por Paco Rabanne, que exploravam materiais como metal e plástico, refletindo o fascínio da época pela exploração espacial e pelo avanço tecnológico. Os trajes em Barbarella misturavam sensualidade com uma estética futurista, tornando-se um marco na integração entre moda e narrativa cinematográfica. Fonda não apenas personificou o espírito visionário dos anos 60, mas também ajudou a popularizar o uso de materiais não convencionais na moda, solidificando sua influência tanto na indústria cinematográfica quanto no universo fashion.


Sophia Loren
Sophia Loren, uma das maiores estrelas do cinema italiano, foi um ícone de estilo e glamour nos anos 60. Conhecida por sua presença marcante e beleza clássica, Loren trouxe para as telas uma elegância que combinava sensualidade com sofisticação. Em filmes como Matrimonio all’italiana (1964), ela usava vestidos ajustados que destacavam sua figura, muitas vezes complementados por joias chamativas e penteados volumosos. Loren não apenas representava o luxo e a opulência do cinema italiano, mas também influenciava a moda global, especialmente na forma como o estilo mediterrâneo passou a ser visto como sinônimo de beleza natural e atemporal. Sua habilidade de combinar roupas exuberantes com uma atitude confiante tornou-a uma referência não apenas para espectadores, mas também para designers que buscavam capturar o charme italiano em suas criações.

Os filmes mais fashionistas do cinema e moda nos anos 60
A década de 1960 produziu uma série de filmes que se tornaram ícones fashionistas, influenciando gerações com seus figurinos. Breakfast at Tiffany’s (1961) é o exemplo perfeito de como um filme pode lançar tendências duradouras, graças ao “pretinho básico” de Audrey Hepburn. Barbarella (1968), estrelado por Jane Fonda, trouxe um toque futurista à moda com os figurinos de Paco Rabanne, repletos de metálicos e cortes arrojados. Blow-Up (1966), dirigido por Michelangelo Antonioni, mergulhou no mundo da moda londrina, apresentando o estilo Mod e a efervescência da Swinging London. Já La Dolce Vita (1960) capturou o glamour do cinema italiano, com figurinos que exaltavam a sofisticação e o drama da época.
O papel dos figurinos no cinema dos anos 60
Os figurinos do cinema e moda nos anos 60 desempenhavam um papel essencial na construção de personagens e na comunicação de mensagens narrativas e culturais. Designers como Edith Head, Irene Sharaff e Pierre Cardin foram fundamentais para criar looks que transcenderam a tela grande e influenciaram diretamente o público. Cada figurino ajudava a definir o contexto e o estilo de vida dos personagens, tornando-os mais autênticos e memoráveis.
Por exemplo, em A Hard Day’s Night (1964), os Beatles usaram ternos ajustados que consolidaram o estilo Mod e inspiraram jovens ao redor do mundo a adotarem um visual mais refinado e urbano. Já em Barbarella (1968), Jane Fonda vestiu trajes futuristas criados por Paco Rabanne, feitos de materiais como metal e plástico, que capturaram o fascínio pela exploração espacial e pelo avanço tecnológico. Esses figurinos não apenas refletiram o espírito da época, mas também moldaram tendências globais, mostrando como o cinema e a moda dos anos 60 estavam intimamente ligados a inovações culturais e estéticas. Além disso, os trajes se tornaram um meio poderoso de expressar a narrativa visual dos filmes, combinando estilo com simbolismo e inovação.
A influência do cinema e moda nos anos 60 na vida cotidiana
O impacto do cinema e moda nos anos 60 cotidiana foi profundo. As roupas vistas nas telas rapidamente influenciavam o mercado, desde as criações de alta-costura até as adaptações prontas para vestir. As pessoas buscavam replicar o glamour das estrelas, o que levou a uma maior integração entre o cinema e a indústria da moda. Designers trabalhavam diretamente com diretores para criar peças que não apenas complementassem a narrativa, mas que também fossem desejadas pelo público.
A crescente popularidade de revistas de moda e a expansão da publicidade também ajudaram a difundir os estilos vistos no cinema, tornando-os acessíveis a um público mais amplo. Isso resultou em uma era onde as tendências nasciam tanto das passarelas quanto das telas, reforçando a relação simbiótica entre cinema e moda.
O cinema dos anos 60 foi um poderoso catalisador para a moda, definindo estilos, apresentando novas ideias e elevando a moda a um nível de expressão artística e narrativa. A década foi marcada por uma mistura de glamour, minimalismo, experimentalismo e sensualidade, todos elementos refletidos nas produções cinematográficas. Atrizes como Audrey Hepburn, Brigitte Bardot, Elizabeth Taylor e Anita Ekberg, além de diretores visionários e designers inovadores, ajudaram a consolidar a ligação inseparável entre moda e cinema. Essa relação deixou um legado duradouro, mostrando que a moda não é apenas um acessório, mas uma parte fundamental da narrativa cultural.
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